Neymar reconhece exagero em reclamações pós-derrota para o Flamengo, mas há contradições sobre ligação a Vojvoda

No domingo, 9 de novembro de 2025, às 20h, no Maracanã, o Santos FC sofreu uma derrota por 3 a 2 para o Clube de Regatas do Flamengo na 33ª rodada do Campeonato Brasileiro Série AMaracanã. O jogo, que poderia ter sido um ponto de virada na luta contra o rebaixamento, virou um caos interno. Neymar da Silva Santos Júnior, capitão e astro de 33 anos, voltou ao time após dois meses de lesão no coxa direita — mas sua volta foi marcada por explosões de frustração, não por gols.

Uma noite de frustrações que começou no gramado

Neymar não escondeu sua raiva durante o jogo. Em momentos-chave, direcionou gritos para o zagueiro brasileiro José Ivaldo e o meia argentino Valentín Barreal, acusando-os de falta de atenção. Mas o alvo principal foi o árbitro Sávio Pereira Sampaio, do Distrito Federal. No intervalo, o camisa 10 disparou: "O árbitro é muito ruim. Além de ser ruim, com todo respeito, é arrogante. Essa é a palavra. [...] Ele disse que se eu chegasse perto dele, ia me dar amarelo. A arrogância dele é horrível." O cartão amarelo que recebeu aos 28 minutos do primeiro tempo foi, segundo ele, uma ameaça concretizada.

Substituição e o gesto que virou viral

Na volta do segundo tempo, aos 40 minutos, o técnico argentino Juan Pablo Vojvoda decidiu tirar Neymar — uma escolha técnica, mas que soou como um golpe emocional. O jogador não apenas reclamou em voz alta para a comissão técnica, como chutou um copo d’água em direção ao banco de reservas. O líquido atingiu o técnico e os auxiliares. Sem esperar o fim do jogo, Neymar foi direto para o vestiário, deixando os companheiros lutarem sozinhos por um empate. Eles chegaram a marcar dois gols nos últimos minutos — mas foi em vão.

Desculpas no vestiário — e depois?

No vestiário, segundo fontes do clube, Neymar se desculpou com os jogadores pelo copo d’água e por sair antes do apito final. "Ele disse que não foi intencional, que estava nervoso e que não queria deixar ninguém molhado", contou um membro da equipe ao ge.globo. Mas aí vem o ponto de tensão: ele ligou para Vojvoda para pedir desculpas?

Segundo reportagens do ge.globo e do Itatiaia, na terça-feira, 11 de novembro, Neymar fez uma ligação direta ao treinador. "Reconheceu ter se excedido com reclamações", disse a fonte. Ainda segundo o relato, o jogador elogiou o trabalho de Vojvoda: "Gosto do trabalho dele e vejo melhora no time desde a chegada da comissão."

Mas aqui vem o contraponto: o Lance! publicou que Neymar negou categoricamente ter feito a ligação. Alegou, em vez disso, que se manifestou apenas nas redes sociais — de forma "explosiva", segundo o veículo — contra a cobertura da imprensa. Vojvoda, em coletiva, minimizou: "É lógico que ele ficou chateado. Qualquer jogador ficaria. Mas tem que ser com respeito. Não faltou respeito."

Clube trata como "resolvido" — mas o clima continua pesado

A diretoria do Santos FC, sediada em Vila Belmiro, declarou publicamente que o caso está "resolvido". Não haverá punição formal, nem pedido de desculpas público ao elenco. O técnico Alexandre Mattos, diretor de futebol, foi além: "É um gênio incompreendido. Nunca estará sozinho."

Mas o silêncio oficial não apaga o clima. O time está em 17º lugar, com 33 pontos em 33 jogos — na zona de rebaixamento. A derrota para o Flamengo foi a segunda consecutiva. O próximo jogo, contra o Sociedade Esportiva Palmeiras, em 15 de novembro, no Estádio Urbano Caldeira, é uma final antecipada. A pressão é insuportável.

Fontes internas revelam que Neymar, mesmo sem pedir desculpas formalmente, entendeu que "poderia ter tido outro comportamento". Mas, como o clube deu um dia de folga após o jogo no Rio, nenhuma reunião foi marcada. Nada de conversa em grupo. Nada de reforço de liderança. Apenas silêncio — e o peso de uma pergunta que ecoa: será que o capitão ainda é o líder que o time precisa?

Um jogador entre o genial e o instável

Neymar voltou ao Santos em agosto de 2024, após 11 anos na Europa. Assinou contrato até dezembro de 2026, com salário de R$ 15 milhões mensais — o maior da história do clube. Mas o Santos não é mais o time de Pelé. Está endividado em mais de R$ 1,2 bilhão. A torcida sonha com títulos, mas vive dias de sobrevivência.

Ele é o único jogador com capacidade de mudar um jogo com um toque. Mas também é o único capaz de desestabilizar um vestiário com um gesto. O clube precisa dele — mas precisa de um Neymar mais maduro. Um líder, não apenas um ícone.

Enquanto isso, o futebol brasileiro assiste. Afinal, quando um jogador como Neymar entra em crise, não é só o Santos que sente. É todo o país que olha e se pergunta: até onde a genialidade pode ir sem responsabilidade?